terça-feira, 3 de julho de 2012

Festas Juninas


Festas Juninas

Na tradição brasileira, junho é mês de festa, quentão, quadrinha e de comemorar o dia dos santos padroeiros: Santo Antônio, São Pedro e São João.
Chapéu de palha, fantasia de caipira, rojão, busca-pé, balão, bombinha. É assim que muitas pessoas festejam o dia de Santo Antônio, São Pedro e São João.
Estas festas têm uma origem muito antiga. Antes do nascimento de Jesus Cristo os povos pagãos do hemisfério norte celebravam o solstício de verão, ou seja: o dia mais longo e mais quente do ano, que lá acontece no mês de junho. Era o início do verão, do tempo das águas.
Nestas festas, a fim de promover a fertilidade da terra e garantir boas colheitas, havia fogueiras, danças e comidas típicas. Com o avanço do cristianismo a igreja incorporou estas festas no seu calendário.
Os colonizadores portugueses trouxeram estas festividades para o Brasil e aqui elas ganharam cores e sabores influenciados pelos índios e pelos negros, responsáveis pela mão de obra e pela cozinha na era da colonização. É por isso que hoje, além do quentão e da fogueira, se usa nestas festas quitutes de milho, amendoim e mandioca, alimentos básicos para a fabricação de bolos, tapioca, paçoca, pé-de-moleque e pamonha.
Estas festas, embora servissem para homenagear os grandes santos da igreja, viraram festas mundanas, que nada tem de santo. A maioria das pessoas que celebram as festas juninas nem sabem a quem estão homenageando, ou seja: não sabem nada a respeito de João Batista, Pedro e Antônio. Por isso, na nossa mensagem de hoje, aproveitando a data, queremos falar um pouco sobre estes três personagens.
Como para nós eles são seres mortais, pecadores como qualquer outra pessoa, nós não os chamaremos de santos, mas sim pelos seus nomes, como eram conhecidos na época em que viveram.
Comecemos pelo Antônio, o santo casamenteiro. Antônio era um missionário da ordem dos franciscanos, que nasceu em Lisboa no ano de 1195. Foi um grande pregador. Ele ficou conhecido na época pela dedicação que tinha aos pobres. Hoje, no entanto, ele é mais conhecido como aquele que arranja bons partidos para o namoro e o casamento. É o santo casamenteiro. Por isso, o dia doze de junho, dia do seu aniversário, além do dia de Santo Antônio, se comemora também o dia dos namorados, o santo casamenteiro.
Como o seu nome não está na Bíblia e a história fala muito pouco dele, não temos muita coisa a dizer sobre esse personagem, além do que foi dito. A única coisa que poderíamos acrescentar é que Antônio deve de servir de exemplo para nós de como ajudar aos pobres e necessitados.
Dia de São João, o santo festeiro. Segundo a tradição, a mãe de João Batista fez um trato com a sua prima Maria, que no dia em que o menino nascesse faria uma fogueira para avisá-la. E Isabel fez o que ela combinou: no dia do nascimento de João Batista fez uma grande fogueira para avisar a Maria. Por isso é que hoje no dia de São João se usam fogueiras, balões e fogos de artifícios para festejar o dia.
Segundo as Escrituras Sagradas, João Batista era o precursor de Jesus, aquele que prepararia o coração das pessoas para que Jesus pudesse entrar. A sua mensagem era: “Arrependei-vos, porque já está próximo o reino dos céus”.
Muitas pessoas vieram a João Batista, pedindo que ele o batizasse. Porém, a maioria vinha a ele sem estar verdadeiramente arrependido. A estes João chamou de raças de víboras, sepulcros caiados e hipócritas. Disse que se eles não se arrependessem verdadeiramente dos seus pecados eles seriam cortados e lançados no fogo, assim como se faz como uma árvore infrutífera.
A pregação de João Batista nos mostra de que Deus não aceita fingimento, hipocrisia e falsidade. O que Deus quer é uma mudança interior. O verdadeiro cristão deve viver conforme a sua fé, pois a fé sem obras é morta.
Dia de São Pedro, o santo dos pescadores. Segundo a crença popular, Pedro guarda as chaves do céu, lava o assoalho quando chove e arrasta os móveis quando troveja. Por ter sido pescador, Pedro é tido como o patrono dos pescadores.
A Bíblia nos diz que Pedro era um dos discípulos de Jesus. Certa vez Jesus perguntou quem o povo achava que ele era. E Pedro respondeu dizendo: “Tu és o Cristo, o Filho”. Jesus elogiou a resposta de Pedro e acrescentou, dizendo: “Tu és Pedro, sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela. Dar-te-ei as chaves do reino dos céus. O que ligares na terra terá sido ligado nos céus. O que desligares na terra, terá sido desligado no céu” (Mateus 16.18,19).
À base desse versículo, muitos acham que Pedro seja o porteiro do céu. É ele quem decide quem deve ou não deve entrar no céu. Outros vão mais longe ainda: acham que Pedro controla o tempo, mandando chuva e fazendo trovejar. Mas isso é uma idéia errada.
Quando Jesus estava entregando as chaves do reino dos céus para Pedro, Jesus estava dando para ele o poder de perdoar pecados e reter o perdão. Mais adiante Jesus daria esse mesmo poder também aos outros discípulos.
Em João, capítulo 20, Jesus explica melhor o que significa isso, ao dizer: “Recebei o Espírito Santo. Se de alguns perdoardes os pecados, são-lhes perdoados; se lhos retiverdes, são retidos” (João 20.16).
Hoje quem exerce esse poder de perdoar pecados e reter o perdão é o pastor. Ele o faz, quando no culto público, após a confissão de pecados, diz: “Em virtude desta sua confissão, na qualidade de ministro da Palavra, chamado e ordenado, eu lhes perdôo todos os pecados. Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Amém”.
Esse trabalho do pastor é chamado de Ofício das Chaves, que segundo Lutero “é o poder peculiar que Cristo deu a sua igreja na terra para perdoar os pecados aos pecadores penitentes, e retê-los aos impenitentes, enquanto não se arrependerem”.
Mais adiante, explicando o que significam essas palavras, Lutero diz: “Creio que tudo quanto os ministros de Cristo, devidamente chamados, fazem conosco, é tão certo e válido no céu, como se Cristo tratasse pessoalmente conosco, especialmente quando excluem da congregação cristã os pecadores impenitentes e absolvem aqueles que se arrependem dos seus pecados”.
Pedro, em Pentecostes, ele mostrou como isso funciona. Primeiro ele apontou o dedo para aqueles que mataram a Jesus, dizendo que eles iriam pagar caro por esse seu ato. Quando aquela grande multidão se mostrou arrependida pelo que fez, Pedro lhes anunciou o perdão, dizendo: “Arrependei-vos e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo para o perdão de vossos pecados e recebereis o dom do Espírito Santo” (Atos 2.38).
Pedro deve servir de exemplo para nós. De um lado, devemos ser duros com o pecado: não deixar que as pessoas façam o que bem entendem, fechando os olhos como se não tivesse acontecido nada. Mas, de outro lado, quando uma pessoa se arrepende do erro que cometeu e quer corrigir a sua vida, nós a devemos perdoar e aceitá-la novamente como irmão na fé.
Não há pecado que Deus não possa perdoar. Jesus perdoou a Zaqueu, a Maria Madalena e ao Malfeitor na cruz. Por isso nós devemos também perdoar uns aos outros, de maneira especial ao irmão na fé, que errou, mas está arrependido e promete se corrigir.
Embora o dia de Santo Antônio, São João e São Pedro sejam hoje festas puramente mundanas, não faz mal a igreja lembrar a vida e os feitos desses grandes homens de Deus.
João Batista nos mostra que Deus não aceita fingimento; Pedro nos mostra que Deus é capaz de perdoar qualquer pecado; e Antônio nos mostra que, como filhos de Deus, devemos fazer sempre o bem aos outros, de modo especial, aos necessitados.
Imitemos, pois, esses nossos guias, conforme nos recomenda o autor da carta aos Hebreus, pois eles nos deixaram valiosos exemplos: “Lembrai-vos de vossos guias, os quais vos pregaram a palavra Deus; e considerai atentamente o fim da sua vida, imitai a fé que tiveram” (Hebreus 13.7).

Pastor Lindolfo Pieper

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